04 maio, 2011

Você me ligou dizendo estar à caminho.
Eu fiquei feliz e em pânico ao mesmo tempo.
Claro que eu queria que você estivesse aqui, mas já são quase 10 da noite e eu não permitiria que você viesse de tão longe a essa hora.
Eu pedi que você ficasse.
Poderia vir amanhã.
Desliguei o telefone e ouvi o barulho do portão seguido por passos no corredor.
Sorri e pensei por que você disse pra mim que estava longe se já hava chegado.
Imaginei sua expressão ao entrar e calculei quantos beijos conseguiria te dar no segundo em que abrisse a porta.
Então os passos foram se distanciando.
Não era você que chegava.
Podia ouvir as chaves do vizinho abrindo a porta.
Podia sentir meu sorriso desaparecendo.
Podia ver a solidão chegando outra vez ao mesmo tempo que a alegria se esvaia.
Por que você estava tão longe? Por que não foram seus passo que ouvi no corredor?
Mas agora não importa. Você dormirá na companhia de amigos.
Eu continuarei sozinho. Apenas esperando que sejam seus os passos lá fora.

Sem Mundo

  
   Porque que às vezes, quando tudo nos corre bem, o nosso dia foi excelente, nos sentimos tristes e sós apesar de termos amigos e família que nos amam? Será que não passamos de seres mal-agradecidos que simplesmente damos mais importância às coisas más do que às boas?
O mundo parece que desaba à nossa frente: não sentimos o solo nem o tecto. Só a dor. O frio que nos invade e as pernas que nos tremem. Não há nada a impedir a nossa queda nem que caiam coisas sobre nós.
Mesmo assim, avisto gente no horizonte a esticar as mãos, cordas e lençóis atados para me ajudarem a sair dali. Eu estico-me mas não chego lá, eles choram por mim e eu por eles. O que posso fazer senão continuar a tentar?